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A revolução silenciosa dos pais de pet

today12 de maio de 2025 2

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O número de famílias que optam por ter animais de estimação em vez de filhos cresce em todo o mundo. Segundo dados do IBGE, o Brasil já tem mais cães e gatos (estimados em mais de 149 milhões) do que crianças de até 14 anos (cerca de 56 milhões). Nos Estados Unidos, uma pesquisa da Pew Research Center mostrou que apenas 29% dos adultos com menos de 40 anos têm filhos, enquanto 60% têm pets. Esse movimento reflete mudanças profundas nos valores, prioridades e estruturas familiares contemporâneas.

As razões são diversas. Em primeiro lugar, o custo de criar um filho aumentou drasticamente. No Brasil, estima-se que o custo médio para criar uma criança até os 18 anos pode ultrapassar R$ 800 mil, dependendo da classe social. Pets, por outro lado, exigem menos investimento financeiro e menor reorganização de estilo de vida. Além disso, o crescimento da vida urbana, o adiamento de casamentos e o foco na carreira também impactam diretamente a decisão de não ter filhos.

Outro fator relevante é a mudança no conceito de companhia e afeto. Cães e gatos passaram a ocupar o centro das dinâmicas familiares. Segundo a Euromonitor, o mercado pet brasileiro movimentou R$ 60 bilhões em 2023, consolidando-se como o segundo maior do mundo, atrás apenas dos EUA. Serviços como planos de saúde para animais, creches, hotéis e psicólogos especializados são cada vez mais comuns, indicando que os pets não são apenas parte da casa, mas da identidade afetiva de seus tutores.

Do ponto de vista sociológico, essa mudança não significa necessariamente rejeição à ideia de filhos, mas uma adaptação ao modelo de vida atual. A maternidade e a paternidade deixaram de ser obrigações esperadas para se tornarem escolhas conscientes. Ter um pet permite a experiência de cuidar, conviver, criar rotina e sentir vínculo, sem as implicações legais, emocionais e financeiras de criar uma criança.

É importante destacar também a influência das redes sociais nesse processo. O conteúdo voltado à vida com animais de estimação gera grande engajamento, e muitos perfis de pets ultrapassam milhões de seguidores. Isso reforça a visibilidade e normalização desse novo tipo de núcleo familiar — baseado em afeto, companhia e liberdade.

Apesar de críticas que consideram esse fenômeno um sinal de egoísmo ou individualismo, especialistas apontam que ele revela uma reconfiguração legítima da ideia de família. Ter um pet, para muitos, não é um substituto, mas uma nova forma de preencher o desejo de cuidado e conexão em um mundo cada vez mais acelerado.

A tendência deve continuar. Com a urbanização crescente, mudanças de valores culturais e novas formas de afeto, os animais de estimação seguem ganhando espaço na vida adulta como companheiros centrais. E, para uma parcela cada vez maior da população, isso basta.

Written by: Amplificador Ghost

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